O apocalipse zumbi digital já começou, e a maioria de nós nem percebeu, sabe por quê? Porque ele não se parece com as cenas de filmes, com cidades destruídas, pessoas vagando sem rumo e seres cadavéricos que perderam a capacidade de pensar, mas se você olhar com atenção vai ver os sinais. Eles estão nas timelines das redes sociais, nos textos cheios de emojis desnecessários, nos travessões (e outras pontuações) em espaços que nenhum redator utilizaria e em todas as construções textuais que são tão artificiais e sem emoção quanto os responsáveis por elas.
Isso não é sobre condenar a tecnologia, muito menos sobre demonizar quem usa ferramentas de IA para facilitar o trabalho. Seria até hipocrisia, já que eu mesma uso o GPT quase que diariamente, então sim eu sei que ele pode ser um grande aliado para estruturar ideias, para testar conceitos, para revisar textos e encontrar outras formas de olhar para um tema.
Mas é aí que entra a diferença: eu uso como uma ferramenta de apoio e não como o substituto de um profissional. Porque se tem uma coisa que a inteligência artificial não consegue fazer, e provavelmente nunca conseguirá, é criar uma voz que se conecte de verdade. Uma voz que não seja só uma mistura de palavras e expressões costumeiras, mas sim aquela que transmite quem você é, o que você viveu, o tom perfeito para que quem lê aquele texto saiba que você é o autor, mesmo antes de ler a assinatura.
Só que na pressa por produzir mais, em menos tempo muita gente começou a terceirizar não só o texto, mas a própria essência da mensagem. Parece que esquecem que a força de um texto não está na quantidade de caracteres, mas sim na capacidade de conexão do texto. Nenhum prompt, por mais completo que seja, vai ser capaz de gerar emoção e conexão com a mesma perfeição que um redator. Porque isso é algo que se faz com mais que uma história bem contada e um contexto geral, isso se faz com a mente e o coração, as vezes é preciso ignorar o que o algoritmo diz que vai performar melhor, e dar voz ao que sua mente sente, pois conteúdo que conecta de verdade é o autêntico.
E sabe o que é mais irônico? É que a própria tecnologia, que deveria ser uma aliada nos momentos de bloqueio criativo, se torna cada vez mais um filtro para mediocridade. Afinal, na ânsia de otimizar, de padronizar, de automatizar, a gente começa a perder o que faz do conteúdo algo realmente valioso: a singularidade.
Seja para contar uma história, seja para vender um produto ou serviço, a emoção e a conexão são o principal fator de sucesso e código nenhum foi escrito com a capacidade de gerar conteúdos que tragam ela à tona, eles podem até simular (e as vezes chegar bem perto), mas só a mente humana sabe se conectar de verdade com outra mente humana.
E antes que alguém venha com o argumento de que “mas é mais rápido, é mais prático”, deixa eu te perguntar uma coisa: produtividade sem autenticidade realmente vale a pena? Ou é só mais um ruído artificial perdido no mar da internet?
E talvez esse seja a maior perda desse apocalipse digital. Não que os textos sejam ruins, mas eles são esquecíveis e se perdem em meio a milhões de outras palavras que dizem mais do mesmo, e significam pouco. A verdade é que na pressa de produzir mais, o mais importante vem sendo deixado de lado, a voz de cada um, a nossa voz, o que torna cada redator único e o que faz com que a sua mensagem provoque emoções e atinja o objetivo. Afinal, nenhum de nós quer ser só mais um robô-zumbi no meio desse apocalipse né?




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