Alex Dunne pode até parecer só mais um nome em meio ao mar de jovens talentos que passam pelas categorias de base da F1, mas quem acompanha de perto sabe que ele já deixou de ser promessa faz tempo.
O irlandês, de 19 anos, integrante da McLaren Driver Academy, é aquele tipo de piloto que não se esconde quando o caos toma conta do grid, na verdade, muitas vezes é ele quem causa o caos e ainda cresce dentro dele.
Dunne construiu uma trajetória consistente, começando com o título na F4 britânica, mostrando maturidade e controle que a maioria só desenvolve depois de anos de experiência. Depois disso, não ficou confortável com pouco. Brigou pelo título da GB3 e, em 2025, chegou à Fórmula 2 pela Rodin.
Diferente do que muitos fazem, ele não ficou na sombra do companheiro, dividir box com o belga Amaury Cordeel, o chamado messias do caos, não é para qualquer um.
Cordeel tem esse perfil de imprevisibilidade desde que chegou na F2 em 2022, mas diferente do Alex, ele não consegue atravessar o caos sem se perder. Ele sabe usar o ambiente instável a favor, algo que poucos realmente conseguem.
O dia em que a precisão falou mais alto
Quem vive dizendo que resultado de base não vale nada nunca viu o que foi a pole do Dunne em Mônaco. No traçado mais implacável do calendário, onde cada centímetro errado acaba em muro, ele cravou a pole com 1min21s142, só três milésimos à frente do segundo colocado. Não é só tempo, é nervo, é precisão, é domínio do cenário em que tudo pode dar errado a qualquer momento.
Claro que nosso Papaya Chaos, no domingo seguinte acabou sendo um dos culpados por tirar 12 carros (inclusive ele mesmo) da disputa da corrida principal, só para não deixar o Martins ultrapassar ele. Afinal mesmo com muito talento, ele ainda é só um menino de 19 anos aprendendo os limites do carro e das pistas no seu primeiro ano de F2.
Rodin, Cordeel e o equilíbrio do improvável
O ambiente da Rodin em 2025 só reforça a leitura de quem é o Dunne. Amaury, com todo o seu caos, acaba servindo de referência para mostrar ainda mais o quanto o Alex é regular, inteligente e estratégico. Ninguém está dizendo que o Cordeel não tem valor, mas o brilho do Alex é outro. Ele é aquele piloto que tem sim suas de manchetes e penalizações pelos acidentes, mas também tem um desempenho excepcional.
Quando você olha o campeonato, o número de pódios, voltas rápidas e, principalmente, a maneira como ele se comporta e se recupera depois de situações que geram penalizações, fica claro que não se trata de piloto de uma volta só. Ele entrega resultado sob pressão, sabe se redimir dos erros (coisa que mesmo Lando Norris com anos de F1 ainda esta aprendendo) sabe a hora de acelerar ou economizar equipamento, e isso só quem tem leitura de corrida acima da média consegue fazer.
TL1 de Spielberg 2025: a grata surpresa
Se ainda tinha alguém duvidando do tamanho do talento, o TL1 de Spielberg matou qualquer argumento contrário. No dia 27 de junho, Dunne teve a chance de pilotar a McLaren no lugar do Lando Norris em um treino livre de Fórmula 1.
Não era qualquer TL1, era um daqueles em que as equipes realmente querem colher dados sérios, e o Dunne não tava lá só para preencher tabela. Ele colocou o carro em quarto na sessão, ficou a milésimos do Oscar Piastri, líder do campeonato, e deixou para trás pilotos muito mais experientes e com bagagem no grid, inclusive Lewis Hamilton.
Isso, na prática, significa que ele se adaptou rápido, não se assustou com a pressão de debutar na F1, e mostrou que a diferença de carro ou de ambiente não altera o que ele pode entregar entrega.
Detalhe importante: não foi tempo vazio, de simulação de volta rápida com tanque vazio, foi tempo que impressionou engenheiro, mídia, todo mundo que acompanha o bastidor. O paddock ficou olhando, porque se tem algo raro é um piloto jovem chegar nesse contexto e não só entregar, mas entregar de verdade, sem titubear.
O caos não assusta quem sabe dominar
O que diferencia o Dunne é justamente essa relação com o caos, ele não foge da bagunça, não entra em pânico, usa a zona cinzenta da corrida a favor e força isso até o limite.
Isso é algo que só quem nasceu para grandes coisas tem coragem de fazer. Estamos falando de um cara que já foi campeão, já venceu corrida em pista molhada, já segurou pressão de largada ruim, já escalou grid depois de tomar dez posições de punição e já deu volta perfeita quando precisava. Tudo isso com uma naturalidade difícil de ver, até em pilotos mais experientes, mas muito comum em alguns campeões que a história desse esporte já nos apresentou.
Ele tem personalidade, não depende de narrativa pronta, não precisa bancar o personagem, o apelido carinhoso de pequeno príncipe do caos eu não escolhi por acaso, ele realmente entende o que significa prosperar em cenários imprevisíveis e faz disso uma marca própria, na mesma dimensão que ele causa o caos ele também aprende e se sobressai como ninguém.
O que esperar do futuro
Se tem uma coisa que fica clara acompanhando a trajetória do Dunne é que o caminho para a Fórmula 1 está traçado, basta ele ter paciência.
Ele já entregou em todos os níveis, tem o aval de uma das principais academias do grid, se destaca em cenário de alta pressão e já mostrou que, quando o ambiente muda, ele se adapta e performa rapidamente.
Não vejo a hora em que ele vai receber a chance definitiva, porque talento, maturidade para aprender com os erros e leitura de corrida ele já mostrou que tem de sobra.
Meu pequeno príncipe do caos chegou para fazer história, e quem ainda não percebeu isso é porque está olhando para o lado errado.




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