Por que este clássico de espionagem de 1965 merece ser visto

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2–3 minutos

Um filme de espionagem sem garotas de biquini, explosões, carros de luxo, paisagens magníficas por vários países e aqueles gadgets que sempre deixam a gente querendo ter um exemplar em casa.

Bom, nem todo filme de espionagem tem isso, porém depois de todo sucesso da franquia Bond, virou meio que algo necessário pra chamar o grande público. Mesmo assim temos ótimos filmes que sem isso vão tirar seu fôlego…Por exemplo, The Spy Who Came in from the Cold (1965).

Baseado no romance do patrono desse gênero, John le Carré, o filme não tem glamour: mergulha fundo no lado mais sombrio e cínico do jogo de espiões, onde ninguém sai limpo e a moralidade é apenas mais uma peça a ser sacrificada no tabuleiro da Guerra Fria.

Aqui, o ator Richard Burton vive Alec Leamus, agente do MI6 que foi aposentado à força, tem camadas que são longe do otimismo que estamos acostumados, muito amargo e alcoólatra, e ao mesmo tempo bem humanizado, com todas as suas cicatrizes. E que se vê envolvido em um plano para manipular a inteligência da Alemanha Oriental.

Diferente de outros thrillers da época, o filme não trata heróis e vilões, e por isso é algo tão fascinante. Leamus não é um James Bond; ele é humano, falho e acaba preso em um sistema que trata pessoas como peças descartáveis. E isso fica ainda mais evidente quando Nan Perry, sua colega de trabalho e interesse amoroso, é usada como parte de um jogo maior que ele mesmo.

Dirigido por Martin Ritt, o longa é tão sombrio quanto a mensagem que carrega. As cenas em preto e branco acentuam a atmosfera fria e desesperançosa, enquanto o roteiro questiona o preço que estamos dispostos a pagar em nome da “segurança nacional”.

O clímax do tribunal — onde as máscaras caem e as lealdades são reveladas — é um dos momentos mais intensos e bem construídos da história do cinema de espionagem.

E o mais assustador é perceber como o dilema central do filme continua atual: até que ponto vale sacrificar vidas individuais para proteger o “bem maior”? Será que, no fundo, todos os lados estão dispostos a sujar as mãos do mesmo jeito?

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